Arestas

As unhas humanas ante grades.

O punho cravado no coração

que palpita no âmago das saudades

do ato de virar as arestas das cidades,

para que encontre você.




Os olhos a pescar passado,

sua imagem a deitar no meu olhado.

E rolar, rolar, e fecha-lo

para o sonho vívido de lhe ver talhado

meus dentes secos no teu lábio.




O grito mudo a chamar-te

e você, fêmea tirana, vindo a tomar-me

os liquidos, o tempo, o pensamento.

Minha vida a contemplar a tua,

que em mim, desfila nua,

enquanto te cubro ao relento.



Marcos Carneiro

Um comentário:

  1. Belo poema. Bem feito e bem escrito. Mas falta-lhe um algo mais: algo que desperte forte emoção no leitor! Você está no caminho. É só questão de lapidar sua arte.

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