Publicidade - Asas da criatividade

Uma criação de publicitários da Terra com nome de “Seja o segundo a saber” . As peças mostram que ser o segundo a saber das coisas, pode ser muito importante. Quer dizer, fotografos "roubam" a imagem de cochicho de personalidades e divulgam como uma maneira a nos instigar ao desenvolgimento de uma curiosidade. A Publicidade em geral usa essa artemanha para nos pegar pelo curioso.

A criação de Adriano Matos, Marcelo Reis e Rodrigo Tortima, ícones da Comunicação Social neste país.











Fotografias de Latin Stock e Associated Press.
Um tropeço

Caminhando na senda da vida,
O poeta encontrou uma esquina;
E tendo de escolher qual será a partida,
Partiu na calçada da pedra mais finda.

Tropeçando numa das lindas pedras,
Caiu no colo da branca moça esbelta
A qual, sentido calor em suas pernas
Queria um abano em suas cerdas.

Depois de muito abano do homem cortêz,
A moça só, grata convidou pra um café
O moço, já branco de palidêz,
Aceitou, em tremor da cabeça ao pé .

Uma, duas, três, quatro horas na salinha,
Vizinhos murmuravam em seus portões:
O moço deve morrer naquela casinha !
Embebedado de café ou de molhadas emoções.

Marcos Carneiro
Voltando ao século passado...
Mário de Andrade
sobre o gênero Crônica:
" Nunca fiz dela uma arma de vida, e quando o fiz, frequentemente mal ou errado. No meio da minha literatura, sempre tão intencional, a crônica era um sueto, válvula verdadeira onde eu me desfatigava de mim. Também é certo que jamáis lhe dei maior interesse que o momente em breve em que, com ela, eu brincava de escrever."

(Imagem: Quadro pintado por Tarsila do Amaral em 1923, quando de uma admiração esplêndida, o deu de presente ao querido escritor)

Literatura de bolso juvenil:


"Eu pensava que máscara não era produto de pecado, proteção degenerativa. É que o costume de viver com elogios por todo lado acostuma a não se aceitar os defeitos naturais. Ser ridículo às vezes é necessidadede, mostrar que a perfeição é toda perfurada pelo fato de nós não sermos tão normais. A timidez era arma para não falar de simples modo. Foi quando eu conheci uma pessoa que ao invés defalar bonito, prefere falar com cunhos originais. Ela sem querer envergonhar os modelos de beleza que têm a frieza de conviver com as coisas não profissionais."





Fábio Campos Coelho, estudante de administração da UFG
E por falar em cotidiano....

A normalidade que quebra transições

Neste nosso dia a dia, somos pássaros vivendo presos em gaiolas, digo. Suas grades nós mesmos contruímos como o passar do tempo - novamente o tempo como cúmplice - e chamamos de hábitos. Algemas do conforto, tão enérgico e persuasivo. O que acontece: ficamos praticamente obsecados em vivê-los e, consequentemente não dando ênfase ás suas mudanças e nem descobrindo modos de melhorá-las. Aprofunda-se, portanto, aquela inércia tão aconchegadora, a qual é a parasita de todos os humanos, precinto. Está aí a resitência à mudança.
Nós, cidadãos do planeta terra - portanto todos iguais perante todas as regras mundanas -, acostumamos no passar dos dias-feiras a praticar uma série de afazeres que, por algum motivo ainda em estudo, não conseguimos dominá-los - digo controlá-los quando dá na cabeça. Uma prática diária, a qual já conhecemos seus resultados nos convém muito mais do que outra não conhecedora do que será. Novos caminhos, nem pensar. Isto é fatal: despercebido à olhos desatentos.
Dar preferência a um programa de TV - todos tem sua queiridinha-, a lugares para frequentar, a pessoas com quem bater um dedo de prosa e se relacionar enfim, são micro-estruturas do nosso modo de viver. De uma proposta sem plano anterior : somos peneras de relacionamentos conosco e com nossas funções. Acomodados, então, na onda da mesmice, começamos a fazer aquilo que foi ensaiado e pronto, a vida está assim: um teatro.
Torna-se relevante sairmos de cima do "muro" -no bom siginificado-, algo que será muito desconfortável e rude conosco, pois são práticas empregnadas em nós. Isto será preciso para que possamos nos livertar das amarras da rotina e nos tornarmos pessoas livres de nós mesmos e não em gaiolas. Somos muito mais pássaros quando voamos por nossas causas.
Marcos Carneiro




" Como esperar esquecimentos,
se o sêmen, inda quente, pede passagem?
Luiz de Aquino. Grande amigo dos Tios Gomes Carneiro, contista, poeta, cronista de Goiás - orgulho de nosso estado. Membro da Academia Goiana de Letras, une brilhantismo e simplicidade em suas obras.
( texto retirado de "Razões da Semente")

As sem razões do amor
"Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no elipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor."
Drummond, com um didatismo coeso e cabível sobre a vida amorosa.
(O poema foi colocado em estrutura linear, forma preferida deste blogueiro)
Muito mais isto do que isso.

Sou assim, daquele jeito.
Muito menos do que mais.
Mais acento do que caminho. Mais agudo que tônico.
Mais sorriso que envergadura. Mais branco que amarelo.
Mais presença que porta-retrato. Menos foto do que biografia.
Muito mais voz que silêncio. Mais zunido do que gemido.
Mais tiro do que queda. Mais chão do que cimento.
Mais porta que janela. Mais natureza que desnaturado.
Mais motivo do que desculpa. Mais choro do que lamúria.
Mais em prosa do que em verso.
Apesar de mais objetivo do que vírgula.
Sou mais árvore do que parede. Mais foto do que síntese.
Menos dicionário que enciclopédia.
Sou mais pele do que mucosa. Apesar de mais nariz.
Mais feio que bonito. Só que mais amigo do que cliente.
Sou mais livro do que lembrete. Mais romântico do que sei.
Mais áspero do que liso. Mais reticências do que ponto...
Ainda mais magro do que o normal.
Apesar de mais peso do que altura.
Muito mais mão do que pé. Apesar de mais chulé que piolho.
Sou mais viver do que velório. Mais chorinho do que marchinha.
Sou mais bolso do que carteira. Mais chave do que cadeado.
Mais ritmo do que passada. Mas cadeira que salão.
Ainda menos amor do que paixão.
Mais telefonema do que carta. Mais sujeito que objeto.
Muito mais em terceira pessoa do que primeira.
Muito menos pessoa do que alguns.
Sou mais folhetim do que classificados.
Apesar de mais propaganda do que o fofoca.
Mais animal do que pedra. Mais árvore do que parede.
Muito mais madrugada do que ensolação.
Apesar de ser mais lagarto do que morcego.
Sou muito mais saudade do que velhice.
Mais olhar do que flerte. Mais explicação do que cantada.
Mais casa do que casado. Mais varanda do que garagem.
Apesar de mais motorista do que passageiro.
Mais extrangeiro do que do que daqui. Mais beijo que abraço.
Bem mais lança do que perfume. Mais cheiro do que fungada.
Mais ar que oxigênio. Mais rodoviária do que aeroporto.
Apesar de mais pneu do que nuvem.
Sou eu.
Bem mais isto do que isto.

Marcos Carneiro, arrajando mais alegorias na tentativa de descrição.


Deu na veneta falar de amizade.


" O que é um amigo? Único habitante de dois corpos. "

Aristóteles, se lembrando que na Grécia Clássica, perder um amigo era se perder-se também.

  • Na imagem: Eu, meu irmão Thiago e a Karol no século XX e XXI, diferença sutil.
" Quantos amores perdidos por causa de palavras
engasgadas na garganta. Coisas que só podem ser
ditas se deitadas no papel. E ainda quando
escrever cartas está tão fora de moda. "

Marcos Carneiro, se lamuriando
" Se não tiveres tempo te sobrando,
para espediçar como minha cantiga,
guarde o livro na estante, para quando
contares a teus netos, coisa antiga."

José de Godoy, esquivando-se do possível insucesso de seus versos.
"Hoje não é um dia qualquer. Aliás, é único. Apesar de não ser diferente de ontem.
O presente é algo de existência frágil, digo. O futuro não. Ele é cogitado e falado.
Faz-se suposições. Enquanto isso, o presente rola e desagua sobre o rio do tempo.
Se um rio não é o mesmo porque nele passa diferentes águas todo segundo, o tempo também
o é, já que os minutos não são os mesmos. O que somos então?
Meros peixes observando tudo isto passar."

Marcos Carneiro, fazendo alegorias de rio-tempo, assim como o Cabral de Melo Neto.

..E me dou
Um riso que cativa, a voz
de me chamar pra perto
( e eu vou).
A seda da fala mansa
e o sorriso de embalar ternura
(e eu faço).
...

Luiz de Aquino
(imagem: Fábio Lima)