Glandiflora
Por beleza amiude, não compro-as em viveiro;
palco pro meu arrulho labor, não é esse vil jardim.
As apanho em cálices - faço o crime por inteiro -,
pra dar amor - tirando esses espinhos com faqueiro -,
à rosa branca que nasce - do feno - em mim.
Púrpura dama que habita ríspido caule;
é o cuidado que aqui jaz nesse intenso ardor.
Não se furta com insolente ato, a grandeza:
ovário evidente que abriga a natureza,
pra que enrijeça - morta - na estante de um senhor.
Por ausência - desse abstrato combústivel -
da paixão, relutava em vê-las sustentatas
em canteiros mórbidos, tantas fachadas.
E o que outrora era, fugaz, um sítio inteligível,
é agora amplidão - como lua - iluminada.
Minuano setentrional, leve-a para o chão!
Deleite-a no ardente solo que aqui pisamos;
dê a celerida, dê patas - pés humanos -,
e em dilema salutar, fracos, nós entramos:
poderá, á pé, nos vir em égide da paixão?
Importante, o lume da sacra escalada:
esticar os membros á altívola e aplainada
dama, que não espalha ao vento sua cor.
Tonitruante o gemido das ásperas espadas,
que lutam - em vão - protegendo as poças encharcadas deste pólen - nosso amor.
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